Neste Projeto as imagens são locus-signu que
possam exibir a condição contemporânea citadina. Essas imagens procuram um
certo registro dessa existência. Diz-se um certo registro porque sabe-se da
conhecida condição inerente à fotografia que diz respeito à intervenção da
câmera na realidade, o que já daria à imagem não mais a sua condição de mera
reprodução da realidade, mas de uma certa representação, uma certa construção
do real. Pretende-se, nessas imagens, certa densidade para exibir; certa
exibição para cindir.
A primeira intenção das imagens é o registro. Impossível
como cópia, ou como reprodução fiel, sempre será um registro como exibição que,
inevitavelmente e, na maioria dos casos intencionalmente, re(a)presenta. Se
alcançarmos esse registro dar-se-á um primeiro objetivo como cumprido; se elas
adquirirem algum aspecto artístico, isso não desvirtua a pretensão primeira,
pelo contrário, a duplica.
Ver-se-á neste site imagens que têm como ponto de partida o
olhar do habitante da cidade, o passante. Mas não existem apenas passantes na
cidade, existem passageiros, trajetos. Signu-locus. Se as imagens
são captadas da rua, de dentro de um carro, ou de um ônibus é à sua condição
contemporânea que se deve devotar esse proceder.
Neste espaço não
existem imagens banais e, espera-se que não exista, de quem as vê, vulgaridade.
O que pode parecer uma imagem comum procura ser exibida como um signo que se
relaciona com a existência contemporânea de uma cidade opaca e
cintilante; de ruínas e andaimes; rápida e estática; múltipla e única;
distinguível e inseparável; vazia e repleta de gente.
Os que registram essas imagens não são fotógrafos
profissionais, mas procuram ser comentadores de um contemporâneo, nos termos
desta pesquisa, ignorado. O desafio é gigantesco. Impossível captar a cidade em
sua completude; procura-se exibi-la em seus signos. É para reconhecer esses
signos que essas imagens são realizadas. Mas reconhecê-los com uma adaga nos
olhos, incisando-os de sua identificação histriônica que grita e ri, ou de sua
reconstrução idílica que silencia e chora. Certa densidade para exibir; certa
exibição para cindir.
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