Atividades

A cidade além das cenas: uma entrevista com Fernando Segtowick


Enderson Oliveira junho de 2015

Famílias e seus problemas, angústias e aparências; uma versão não estereotipada de uma das principais lendas do estado; a maior manifestação religiosa do estado e do país como um “suspense” e mesmo drama pessoal e urbano. Dias (2001), Matinta (2010) e No movimento da Fé (2013). Em quinze anos, os curtas metragens de Fernando Segtowick, como estes citados, talvez já tenham conseguido demarcar (ou criar?) certo espaço e “aceitação”, seja pela crítica, seja pelo público. Mais que isso, suas obras audiovisuais contribuem ou mesmo expressam certa realidade contemporânea da Amazônia; em movimento, fluida, problemática e instigante, que incita também transformações na fisionomia da cidade.
Levando em conta tudo isto, no início de abril de 2015, o grupo de pesquisa “Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”, coordenado pelo Prof. Dr. Relivaldo Pinho, da Universidade da Amazônia (Unama), entrevistou Segtowick. A conversa é uma das que integrarão o documentário que está sendo produzido pelo grupo e será lançado no segundo semestre.
Durante a entrevista, teve destaque o desconhecimento da cidade para muitas pessoas, assim como para o próprio Fernando em alguns momentos. “Fui deixar minha empregada onde ela mora (...), passando o Aurá. E eu olhei e falei ‘gente, é em Belém e é um lugar completamente diferente, que eu nunca vou, nunca ouvi falar, não conheço, visualmente é super diferente... (...) Existem muitas Beléns dentro de Belém que eu não tenho acesso, mesmo trabalhando com audiovisual, com documentário” (...) Tem muitas Beléns que eu mesmo não conheço, que a gente não conhece e todas elas repletas de histórias incríveis”, conta.
Foto: Priscila Bentes
O relato do diretor talvez possa lembrar ou ajudar a retomar a afirmação de Walter Benjamin, ao explicar que “Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perder numa floresta requer instrução” (Tiergarten, Obras escolhidas II). A reflexão do filósofo alemão ajuda a compreender, mais que os vídeos do roteirista, a surpresa do sujeito belenense ao se deparar com locais que considera realidades diferentes e mesmo distantes das que está acostumado.
O conhecimento de tais caminhos, rotas e trajetos podem colaborar para a produção – ou mesmo percepção – de “novos” personagens, realidades, situações, que podem ou não serem transformadas em matéria prima para a produção de seus curtas. Indo além, é justamente tal atenção à realidade e reconhecimento e identificação por parte do público que, de acordo com Segtowick, chama a atenção para seus filmes. “As pessoas querem ver os filmes pelos personagens, por mais mirabolante que sejam (...). Eu vi que as pessoas querem os personagens, é o que liga as pessoas, é o que identifica”, explica. Talvez isto ajude a explicar o reconhecimento do curta metragem Dias(2000), sua primeira obra e mais icônica ao se falar da Belém contemporânea.


Curta Dias, de Fernando Segtowick

Neste sentido, no artigo “Antropologia, Cinema e Cidade: Representações de Belém do Pará em Dias”, Relivaldo Pinho explica que “enquanto ficção, Dias não pretende ser um reflexo da realidade. Pretende se juntar a ela na tentativa de representá-la e de fazer surgir novas formas de vê-la, novos ângulos em busca de novas configurações identitárias”.
Como exemplo atual, Segtowick citou as batalhas de rap que ocorrem semanalmente em frente ao mercado de São Brás: “É um espaço público super importante para a cidade, histórico, mas completamente abandonado e você vê jovens, através da música, do grafite e de várias outras manifestações reocupando aquele lugar e ressignificando o espaço através da sua manifestação”, destaca.


Foto: Relivaldo Pinho. Pertence ao Projeto “Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”

A própria discussão entre o que seria ou não o “espaço da periferia” está cada vez mais fluida, em um limiar complexo que envolve geografia e processos de identificação. “Em Belém a diferença entre área nobre e periferia não é tão grande. O Jurunas é praticamente Batista Campos, Canudos é São Brás, é Guamá... Belém é uma cidade que gosto porque é muito misturada. Não é difícil você encontrar em um restaurante o cara mais rico da cidade ou no Círio de Nazaré estar puxando a corda. Belém não tem como negar essa efervescência, essa mistura”, destaca Fernando.
No artigo citado, Pinho explica que “o ambiente urbano não seria mais um local hierarquicamente definido por espaços ou classes sociais, ou de uma definição estamental de culturas, não mais um espaço onde um estilo arquitetônico ou comportamental prevalece, onde o indivíduo se reconhece como pertencente a um espaço e um tempo determinado e coerente, e sim como um lugar onde múltiplas realidades estão presentes, múltiplos espaços, múltiplas vivências na experiência citadina”.
Assim, essa experiência é muitas vezes fragmentada. “A cidade é um espaço onde as pessoas convivem o tempo todo, mas elas não se conhecem. Podem estar uma do lado da outra, pode uma influenciar na vida da outra sem se conhecerem”, relata Fernando se referindo não somente à capital paraense, mas às metrópoles como um todo.


Em Dias, a fisionomia contemporânea urbana da capital paraense é apresentada durante a trama. Imagem: Reprodução

Nesta Belém, ou mesmo nestas várias cidades que a compõem, criam e recriam, é que a paisagem urbana vai sendo modificada. Aos passantes, pesquisadores e curiosos, talvez reste observá-la para tentar compreendê-la, evitando assim a expressão facial de surpresa e mesmo choque, como dos personagens de Dias em sua últimas sequências diante não somente de um acidente, mas de uma “nova” cidade, uma nova fisionomia.



Livro sobre cinema e literatura da Amazônia é lançado em Belém

O livro “Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia”, de Relivaldo Pinho, será lançado na próxima sexta-feira (05) no estande da Universidade federal do Pará (UFPA), na Feira Pan-Amazônica do Livro. 
A obra de Relivaldo, que é doutor em Ciências Sociais (Antropologia) e professor do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura da Unama foi vencedora da edição de 2012 do Prêmio Bendito Nunes de Teses de Doutorado e será publicada pela Editora da Universidade Federal do Pará (ed.ufpa).
No livro são estudadas as obras “Belém do Grão Pará”, de Dalcídio Jurandir, “Altar em chamas”, de João de Jesus Paes Loureiro, “Os Éguas”, de Edyr Augusto, e os filmes “Um dia qualquer”, de Líbero Luxardo, “Ver-o-Peso”, de Januário Guedes, Peter Roland e Sônia Freitas e “Dias”, de Fernando Segtowick. 
Unindo Antropologia e Filosofia a partir, principalmente, das teorias do antropólogo norte-americano Clifford Geertz e do filósofo alemão Walter Benjamin, o prefácio do livro é assinado pelo professor Ernani Chaves. Para ele, “o que aguarda o leitor nas páginas que se seguem é, antes de mais nada, o resultado de um trabalho de pesquisa, em vários aspectos, extraordinário. O resultado de uma longa convivência do autor com o seu tema”. 
Ainda de acordo com Ernani, Relivaldo Pinho “se situa na tradição daqueles que tomam a cidade como objeto, mas também como companheira e amante, tentando, de algum modo, desnudá-la. O estranhamento do familiar. O que corresponde, em Walter Benjamin, ao duplo movimento de imersão no objeto para que, depois, possamos tomar em relação a ele a ‘distância certa’”, explica.

Belém contemporânea em destaque
Para o autor, o estudo não poderia “ignorar a urbanidade - sua representação - que se ergueu e se ergue e a decadência que a acompanhou e a acompanha, naquilo que se imaginou/imagina ser o paraíso perdido, a Paris nos trópicos, ou se pensa ser exemplo de ‘moderno/contemporâneo’”.
O curta Dias é um dos analisados por Relivaldo no livro. Foto: Reprodução
As reflexões sobre a Belém contemporânea e urbana de Relivaldo vão além do livro e outros artigos: o escritor também coordena o grupo de pesquisa “Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”, na Unama. 
A pesquisa parte da ideia central de que essa comunicação visual, que pode se situar em anúncios publicitários, fachadas, vitrines de lojas, prédios comercias etc., se relaciona com o espírito contemporâneo e essa relação se dá de modo contextual e não mecânico entre características econômicas e estéticas, ou entre a experiência contemporânea e a estética comunicacional com a qual ela se liga. Como produto final das pesquisas está sendo produzido um livro e um documentário sobre as temáticas. O vasto acervo de imagens, textos e informações do projeto está disponível no blog http://projetofisionomiabelem.blogspot.com.br/.

O autor
Relivaldo Pinho é doutor em Ciências Sociais (Antropologia) pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestre em Planejamento do Desenvolvimento (NAEA/UFPA), possui graduação em Comunicação Social. Atualmente é professor do Curso de Comunicação Social e do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Culturada Universidade da Amazônia (Unama). Autor dos livros Mito e modernidade na ‘Trilogia amazônica’, de João de Jesus Paes Loureiro (NAEA/UFPA, 2003); Amazônia, cidade e cinema em ‘Um dia qualquer e ‘Ver-o-Peso: ensaio” (IAP, 2012) e organizador do livro Cinema na Amazônia: textos sobre exibição, produção e filmes (CNPq, 2004).

Serviço
Livro “Antropologia e filosofia: experiência e estética na literatura e no cinema da Amazônia”, de Prof. Dr. Relivaldo Pinho
Quando? Sexta-feira (05), 18h
Onde? Estande da UFPA, na Feira Pan-Amazônica do Livro (Av. Dr. Freitas, s/n - Marco, Belém)
Mais informações: Editora Ufpa: 3201-7994/ relivaldopinho@gmail.com


Das praças das cidades às dos shoppings: uma conversa com Ernani Chaves

Enderson Oliveira, maio de 2015

Foto: Priscila Bentes
Das praças das metrópoles do final do século XIX e início dos XX às praças de alimentação dos shoppings centers contemporâneos. Do caminhar do flâneur, anônimo na multidão, mas central nela mesma, ao caminhar deambulatório de um passante “comum” na confusão das grandes cidades.
Essas e outras discussões fizeram parte da segunda entrevista do documentário que está sendo produzido pela equipe do projeto de pesquisa “Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”, coordenado pelo Prof. Dr. Relivaldo Pinho, da Universidade da Amazônia (Unama). A conversa foi realizada com o professor Ernani Chaves, no final de 2014.
Na entrevista, além das referências aos diferentes modos de trajetos e caminhares que iniciam este texto, foram discutidas e apresentadas impressões sobre o estado da arte produzida em Belém, em especial nas últimas três décadas, bem como as modificações urbanas que a capital paraense passou no mesmo período. Tais modificações, é importante destacar, vão além de “somente” sua paisagem.
“As representações de uma cidade são sempre representações históricas, fantasmagóricas e são feitas de determinado presente”, explicou Ernani. É justamente aí que reside o risco de se cair na afirmação ligeira e muitas vezes “enganosa” de que há nada de bom atualmente e de que no passado tudo foi melhor. Tal idealização de algo que não foi vivido, a “saudade do desconhecido”, pode ser considerada resposta fácil e muitas vezes oportunista, que pode embaçar uma série de novas possibilidades, complexidades e mesmo ocultaria a busca de soluções a alguns problemas.
Foto: Priscila Bentes
Ainda para o pesquisador, outra marca da Belém atual, ou mesmo de toda e qualquer metrópole, é que a cidade contemporânea não é mais “simplesmente” dividida em bairros mais próximos ou distantes ao centro. “Em todos é possível ver todas estas diferenciações, que eram diferenciações da cidade”, explica Ernani. Surgem então “micro cidades”, complexas e fluidas.
Deste modo, a própria geografia é ressignificada: para condutores e passageiros, os trajetos que antes eram feitos em cerca de vinte minutos hoje levam mais de uma hora. A ação do passante também é modificada: com olhar cansado e fatigado com diversos estímulos publicitários, mira mais as telas de smartphones do que a paisagem à sua frente ou ao seu lado. Mudam-se os hábitos, mudam-se avenidas, modos de consumo. Ou seja, muda-se além da geografia da cidade, sua fisionomia urbana e seu modo de compreendê-la.
Tais mudanças, ou mesmo sua miscelânea, são potencializadas em Belém, já que “a Amazônia vive vários tempos”, seja o mítico, o moderno, o pós-moderno, como destacou o professor. Uma cidade heterotópica emerge então, o que também está presente não somente na produção publicitária, mas também nas artes.
Neste panorama, ainda há a recorrência de referências e citações repetitivas, questionáveis e incensadas – como a recorrência das representações da natureza, o verde amazônico caracterizando a fisionomia da região, hábitos ainda ribeirinhos ou mesmo a prevalência na utilização de alguns pontos turísticos, como o Ver-o-Peso, para citar somente alguns exemplos. 

Bar Azul, de Luiz Braga. Fonte: Reprodução
Outros tipos de produção, no entanto, confrontam e incomodam: como se o olhar para si causasse mais estranheza do que para o outro, em uma realidade em movimento, mutante, desconfortante. Exemplo disso podem ser as fotografias de Luiz Braga (ver mais em "Imagem e representação em Bar azul, de Luiz Braga", texto de Relivaldo Pinho), citadas por Ernani, que apresentariam tal sensação não somente como (quiçá) uma inovação estética, mas sim como uma nova interpretação ou ressignificação da Belém contemporânea, discutida no documentário.


Belém, esse estranho ir e vir, ou uma conversa com Edyr

Enderson Oliveira, 12 de dezembro de 2014

Tarde de sexta-feira de dezembro. O calor comum em Belém castiga quem passa pela Presidente Vargas. Em uma sala de um prédio da avenida, mais precisamente o escritório da Rádio Jovem Pan, no Palácio do Rádio, um senhor toma alguns goles de Coca-Cola e mostra as edições francesas de seus livros, tendo atrás de si uma parede amarela com quadros em pop art de Audrey Hepburn.
Neste cenário que poderíamos chamar de "pop" (?) foi feita a filmagem da primeira entrevista para o documentário acerca da atual fisionomia urbana de Belém, produzido pelo grupo de pesquisa “Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual, audiovisual e literária urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”, coordenado pelo Prof. Dr. Relivaldo Pinho, da Universidade da Amazônia (Unama).
O senhor entrevistado, imerso no cenário pop e sedento pelo refrigerante mais vendido no mundo, era Edyr Augusto, jornalista, radialista, redator publicitário, autor peças de teatro e livros como Os Éguas (1988), Moscow (2001),  Casa de caba (2004) e o mais recente Selva Concreta (2007) e Um sol para cada um (2008).
A conversa, apesar de curta (durou menos de uma hora) pôde ser considerada instigante como seus livros, carregando o mesmo incômodo e a tentativa de transformação de uma cidade caótica - ainda que caos tenha virado um clichê, especialmente jornalístico, de uns anos para cá - e que passa (ou sofreu e sofre?) um processo de urbanização e "metropolização" às pressas e cambaleante, como os trajetos do (anti)heroi Gilberto Castro, delegado alcóolatra de “Os Éguas”.
Durante a entrevista, Edyr falou de suas impressões da fisionomia urbana de Belém não somente do ponto de vista arquitetônico, mas que também é produzida pelos passantes. Daí veio uma das críticas mais agudas do autor (ou apenas sujeito observador que com sua pena conseguiu traduzir determinado excerto de/sobre Belém), ao comentar o andar sem ordem do paraense, um estranho ir e vir perdido na selva concreta, que irá desencadear uma série de incômodos a outros passantes, sejam da cidade ou não. Essa sensação de perda é diferente da exaltada por Walter Benjamin, para quem perder-se na própria cidade era o maior desafio. Não se trata de um caminhar solitário e que rende descobertas, mas sim de um andar apressado, lacunar, vazio, em geral com fim previsível e repetitivo.
O caminhar se assemelharia a outras práticas e hábitos em Belém, como a tentativa de ignorar a pobreza da cidade (e mesmo do Estado e da região) e a ignorância da “elite” paraense, que, mesmo com rotas mundiais anuais, raramente (ou nunca) contribui de algum modo com a realidade – preocupante – da capital paraense, entre outros temas.
Tudo isto foi comentado e discutido por Edyr, entre um gole e outro de Coca-Cola, mas poderia ter sido dito por Gilberto ou outro personagem que, ainda que vivencie a cidade, tenta esconder-se ou escondê-la da mesma, sem se eximir da responsabilidade que possui com sua fisionomia, representatividade e situação.



Palestra “Walter Benjamin e a Fotografia de Cidades”, de Ernani Chaves, está disponível no Youtube

A palestra “Walter Benjamin e a Fotografia de Cidades”, ministrada pelo Prof. Dr. Ernani Chaves, do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Pará, integrou o ciclo de atividades de 2013 do projeto “Comunicação, antropologia e filosofia: estética e experiência na comunicação visual urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”, o “Fisionomia Belém”. A palestra foi realizada no dia 20 de setembro na Universidade da Amazônia (Unama).
A atividade teve como objetivo apresentar os estudos de Walter Benjamin sobre a modernidade, especialmente aqueles sobre a fotografia e a cidade. Benjamin é uma das principais influências do projeto, que tem como ideia mostrar que a comunicação visual situada em anúncios publicitários, fachadas, vitrines, edificações relaciona-se com o espírito contemporâneo e esta relação se dá de modo contextual entre características econômicas e estéticas ou entre a experiência contemporânea e a estética comunicacional com a qual ela se liga. A contemporaneidade belenense exibe esses aspectos que são um tema não apenas fundamental já estudado nas Passagens Parisienses do século XIX por Walter Benjamin, mas evocativo para se pensar a condição contemporânea amazônica.
O registro sobre a cidade é decisivo, mas, tão fundamental quanto, é a tentativa de reapresentar, com as fotografias e com os estudos, espaços, confluências, através de outras percepções, “As imagens do projeto procuram representar uma contemporaneidade ignorada por um cotidiano que impossibilita uma reorientação do olhar, incapaz de perceber a cidade sob as várias existências imagéticas e temporais, sobre um espaço que se modifica que abandona certas vivências e incorpora outras, na qual ruínas e novos edifícios coexistem, uma metrópole veloz, mas, que ainda caminha, repleta de imagens que cintilam e de rostos anônimos”, segundo o professor Relivaldo Pinho, coordenador do projeto.
Veja a palestra “Walter Benjamin e a Fotografia de Cidades” na íntegra no link abaixo:




Acompanhe o projeto no Facebook e no Twitter.


Pesquisas destacam a fisionomia contemporânea de Belém

04 de dezembro de 2014

Belém, em seus prédios, lojas, vitrines, ruas e templos muitas vezes esconde as fagulhas de um passado que, entrelaçado com o presente, revela uma realidade rica e sedutora. Esta, por sua vez, dialoga com a contemporaneidade resultando em novas reconfigurações do espaço urbano. Deste modo, a chamada “metrópole amazônica” pode ser analisada e mesmo compreendida através de registros materiais e imagéticos, como fotografias.
Neste panorama, há alguns anos, um grupo de pesquisadores vem observando, discutindo e analisando determinadas imagens de Belém que escapam ao clichê midiático, ao ufanismo turístico ou ainda à pressa cotidiana. Ganha relevo, então, a observação de ruas, avenidas e os espaços que os singularizam, mas que por vezes parecem estar despercebidos.
Um destes espaços são as vitrines de roupas infantis da avenida Brás de Aguiar, bairro de Nazaré, Belém, que nos permitem rastros ou indícios de uma compreensão sobre a representação da infância e da identidade da criança que habita a publicidade dessa avenida. Seria ela, a infância translúcida, uma fantasmagoria da nossa sociedade? Para Canevacci, o observador urbano precisa vivenciar historicamente, por meio de “atividades perceptivas e cognitivas ampliadas, não somente o desconforto urbano mas também a sua sedução. É preciso estar dentro e fora do espaço urbano: saltar na cidade.”
Tal temática é pesquisa de Vanda do S. Furtado Amin, no Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia, com o título de “A representação da infância contemporânea nas vitrines da avenida Brás de Aguiar em Belém-PA”, que será apresentada no próximo ano.
Indo além, o mesmo “salto” ou olhar atento buscado através da cidade é feito por Priscila Bentes a partir de seis fotografias e da análise de seis objetos, que destacam a herança e forte presença judaica na capital paraense.
Segundo a autora de “A menorah, a mezuza e o templo: a comunicação visual dos símbolos judaicos em Belém”, é possível investigar a comunicação visual destes objetos, “incluindo a sua história, memória identidade e utilizando como aparato teórico a comunicação, sob a ótica do significado dos símbolos religiosos judaicos identitários e planejamento arquitetônico, e a antropologia, sob a perspectiva do sistema cultural simbólico”, destacou Bentes.
Sistema semelhante pode ser encontrado em grafites, como os produzidos em 2013 pelo Projeto R.U.A. (Rota Urbana pela Arte) no bairro da Cidade Velha, em Belém. O trajeto incitado pelo projeto pôs em destaque a organização de uma possível flanêrie, um caminhar anônimo pela multidão, ainda que tenha papel de destaque na observação das ruas do bairro. Os grafites do projeto apresentavam narrativas orais de histórias, reais ou não, contadas pelos moradores da área. Da simbiose entre lugares de fala, história e memória, nasceu então tais produtos estéticos, observados e discutidos por Thamires Veloso, em seu trabalho de conclusão de curso, “Belém: intervenções urbanas, modernidade e o passante no século XXI”.
As pesquisadoras fazem parte do projeto Comunicação, Antropologia e Filosofia: estética e experiência na comunicação visual urbana da contemporaneidade de Belém do Pará, que parte da ideia central de que essa comunicação visual, que pode se situar em anúncios publicitários, fachadas, vitrines de lojas, prédios comercias, etc, se relaciona com o espírito contemporâneo e essa relação se dá de modo contextual e não mecânico entre características econômicas e estéticas, ou entre a experiência contemporânea e a estética comunicacional com a qual ela se liga. O projeto é coordenado pelo Prof. Dr. Relivaldo Pinho de Oliveira, também responsável pela orientação das pesquisas das estudantes.

Serviço
Apresentação dos TCCs
- “Belém: intervenções urbanas, modernidade e o passante no século XXI”, de Thamires Veloso, 17h
- “A menorah, a mezuza e o templo: a comunicação visual dos símbolos judaicos em Belém.”, de Priscila Bentes, 19h
Quando? 05 de dezembro de 2014
Onde? Laboratório de Comunicação, Unama Campus Alcindo Cacela
Entrada franca


A imagem contemporânea de Belém em exposição e palestra na UNAMA

02 de setembro de 2013

As ruas, as edificações, as praças, o vidro são alguns dos elementos presentes nas fotografias da exposição “Fisionomia Belém” e na palestra do professor Ernani Chaves, “Walter Benjamin e a fotografia de cidades”, que acontecem a partir do dia 16 setembro no Campus Alcindo Cacela, da Universidade da Amazônia (UNAMA).
Os eventos fazem parte do projeto de pesquisa “Comunicação, antropologia e filosofia: estética e experiência na comunicação visual urbana da contemporaneidade de Belém do Pará”,coordenado pelo professor Relivaldo Pinho, do Curso de Comunicação Social e do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da UNAMA, que tem apoio da Fundação Instituto Para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa) e conta com a participação de professores, pesquisadores e alunos da UNAMA e da Universidade Federal do Pará (UFPA).
A ideia central do projeto é de que essa comunicação visual, que pode se situar em anúncios publicitários, fachadas, vitrines, edificações, se relaciona com o espírito contemporâneo e essa relação se dá de modo contextual entre características econômicas e estéticas, ou entre a experiência contemporânea e a estética comunicacional com a qual ela se liga. A contemporaneidade belenense exibe esses aspectos que são um tema não apenas fundamental, já estudado desde as Passagens Parisienses do século XIX por Walter Benjamin, mas evocativo para se pensar a condição contemporânea amazônica.
Segundo o coordenador do projeto, o registro sobre a cidade é decisivo, mas, tão fundamental quanto, é a tentativa de reapresentar, com as fotografias e com os estudos, espaços, confluências, através de outras percepções. “As imagens do projeto procuram representar uma contemporaneidade ignorada por um cotidiano que impossibilita uma reorientação do olhar, incapaz de perceber a cidade sob as várias existências imagéticas e temporais, sobre um espaço que se modifica, que abandona certas vivências e incorpora outras, na qual ruínas e novos edifícios coexistem, uma metrópole veloz, mas que ainda caminha, repleta de imagens que cintilam e de rostos anônimos”, diz Relivaldo.
Para registrar e estudar esse aspecto contemporâneo da capital o projeto já realizou incursões em vários locais da cidade e seleciona diversas imagens que possam servir para a criação de uma certa fisionomia contemporânea de Belém. Essas imagens fazem parte de um acervo criado no site projetofisionomiabelem.blogspot.com e devem compor um livro com textos de pesquisadores que estudam a temática.

Programação
A exposição“Fisionomia Belém” estará aberta para visitação de 16 a 20 de setembro na Galeria Graça Landeira, localizada na UNAMA CampusAlcindo Cacela das 10h às 18h.
Palestra “Walter Benjamin e a fotografia de cidades”, com Ernani Chaves, professor do Curso de Filosofia da UFPA, às 19h, dia 20, no auditório David Mufarrej, localizado na UNAMA Campus Alcindo Cacela.

Serviço
Exposição Fisionomia Belém
Data: 16/09/2013 a 20/09/2013. Horário: 10h às 20h.
Local: Galeria Graça Landeira. Unama Campus Alcindo Cacela

Palestra “Walter Benjamin e a fotografia de cidades”, com professor Ernani Chaves
Data: 20/09/2013. Horário: 19h
Local: Auditório David Mufarrej, Unama Campus Alcindo Cacela 
Entrada franca. Com direito a certificado
Veja o Cartaz e o Folder http://migre.me/fSuvS

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Fisionomia Belém

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